Em uma conversa num grupo de WhatsApp composto por cinco delegados, o titular da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI), Alessandro Thiers, desqualificou os depoimentos da adolescente de 16 anos vítima de estupro no morro da Barão, no Rio de Janeiro. A troca de mensagens foi revelada pelo jornal Extra.
"No 'Fantástico' era outra pessoa. Sabe que temos fortes indícios de que não existiu estupro", escreveu o delegado. Ele também sugere que a cena narrada pela jovem na TV, no qual ela afirmou que havia "um menino embaixo de mim, um menino em cima e dois me segurando", se referia a um episódio do passado, não ao acontecido no sábado (21).
"O relato de abuso que ela fala no 'Fantástico', ela relata que foi há tempos atrás e inclusive que os autores não foram mortos pelo chefe do tráfico local (Da Russa) por pedido da adolescente. O único crime seria a divulgação do vídeo".
Thiers também dá outro contexto a uma das frases ditas por um dos homens que participaram da gravação do vídeo do estupro, atribuindo-a a um funk. "O autor do vídeo diz que engravidou mais de 30 em alusão ao funk, para tirar onda de 'comedor'."
Por fim, o delegado diz que a então advogada da vítima, Eloísa Samy, pediu que ela parasse de responder às perguntas quando começou a ser questionada sobre suas relações com os traficantes da área.
"Diversas pessoas, inclusive a própria adolescente, confirmaram que a mesma frequentava a comunidade da Barão, inclusive com contato direto e íntimo com traficantes da área."
Thiers era o responsável pela investigação do caso até ser afastado neste domingo (29), depois que a então advogada da vítima, Eloísa Samy, o acusou de "machismo" e de constranger a adolescente durante o depoimento.