Foto: Reprodução / TV Brasil
A presidente afastada Dilma Rousseff (PT) concedeu uma entrevista à TV Brasil, que foi ar na noite desta quinta-feira (9), e disse não acreditar que o Brasil vai superar a crise com o governo interino de Michel Temer (PMDB). A petista observa que o povo não tem confiança no comando de seu vice porque ele não passou pelo crivo das urnas. Por isso mesmo, Dilma defendeu uma consulta popular para avaliar a realização ou não de novas eleições, inclusive, se o Senado não decidir por seu impedimento. "Só a consulta popular para lavar e enxaguar essa lambança que está sendo o governo Temer", defendeu, criticando também a possibilidade de um semiparlamentarismo ou eleição indireta, por considerar ser um risco ao país. "Foi sempre através do presidencialismo que o país conseguiu dar passos em direção à modernidade e à inclusão", acrescentou. Dilma voltou a criticar a admissibilidade do processo de impeachment sem a existência de um crime e reivindicou sua volta ao seu cargo. Outro tópico da entrevista foi o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a quem Dilma se referiu como "líder da direita no centro". "O grande problema de compor com Eduardo Cunha é que ele tem pauta própria. No momento em que o centro passa a ter pauta própria, uma pauta conservadora, a negociação fica difícil", analisou a presidente. Dilma reforçou sua teses de que o peemedebista acatou a denúncia dos advogados Hélio Bicudo, Miguel Reale Jr. e Janaína Pascoal contra ela em retaliação ao fato de o PT não ter se comprometido a votar, no Conselho de Ética, contra a abertura do seu processo de cassação. Sobre as denúncias de que teve despesas com cabeleireiro pagas com o dinheiro de propina, Dilma garantiu ter comprovantes de todos os gastos que teve com o cabeleireiro Celso Kamura e sua cabeleireira particular que a acompanha até hoje. "Eles não vão me calar porque vão falar do meu cabelo. A sorte é que tenho todos os comprovantes do pagamento, de transporte dele [Kamura] e da minha cabeleireira particular. Também disseram que comprei um teleprompter. Já viu alguém ter teleprompter pessoal? Para que eu quero um teleprompter? Essa eu achei fantástica", ironizou. A respeito da Operação Lava Jato, Dilma disse que o problema da corrupção no país é o controle privado que se faz das verbas do Estado. "Não se pode fazer escandalização de investigação sobre crimes de corrupção. O que tem que se fazer é, doa a quem doer, investigar e punir. Quando for as empresas é aplicar multas. Há uma hipocrisia imensa em relação a essa questão das investigações", analisou.