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Regulamentação de uso do WhatsApp divide opiniões

21 de jul. de 2016
A possibilidade de regulamentação legislativa do aplicativo WhatsApp Messenger tem gerado discussões. De um lado, usuários têm medo de perder a privacidade, do outro, especialistas pontuam que a normatização da plataforma contribui para que investigações não sejam lesadas.
Segundo a conselheira da Ordem dos Advogados do Brasil  da seccional Bahia (OAB-BA) e presidente da comissão de informática jurídica da OAB, Tamiride Monteiro, a regulamentação contribui, ainda, para que os próprios usuários não sejam prejudicados.
"A partir do momento em que a empresa se nega a fornecer informações à Justiça, ela desobedece a ordem judicial, o que provoca a suspensão. Essa suspensão acaba prejudicando as pessoas que usam o aplicativo", esclareceu Monteiro.
Mariana Assis, 33 anos, proprietária da doceria Mari Brigadeiro, sofreu prejuízo nas vendas por causa da suspensão.
Um dia antes do bloqueio, ela havia impulsionado na fanpage da marca uma postagem com o contato para o aplicativo, utilizado pelos clientes para fazer encomendas. No dia da ação, as mensagens acabaram ficando indisponíveis.
"Houve pedidos, até para o próprio dia e eu não pude responder à demanda, porque, quando o aplicativo voltou, duas pessoas não conseguiram me passar o sabor que queriam. Para algumas eu consegui ligar. Mas outras só utilizavam o número para o WhatsApp. Prejuízo total", relatou Mariana.
Marco Civil
De acordo com Tamiride Monteiro, o não fornecimento das informações para a Justiça obstrui a lei do Marco Civil da Internet.
"A partir do momento em que os donos do aplicativo se negam a fornecer dados, a lei do Marco Civil é vedada. Em casos específicos, como os de investigação, criam-se obstáculos por não se oferecer subsídios à Justiça", explicou a conselheira.
Para o estudante de engenharia eletrônica Pedro Miranda, não há como saber se a privacidade do usuário será resguardada.
"Existe o Marco Civil que nos protege. Se puderem ter acesso a nossas informações, a qualquer momento, e ainda a possibilidade de fornecer essas informações, como saberemos se essa privacidade será respeitada?", questiona.
Gabriel Marques, professor de direito constitucional do Brasil Jurídico, esclarece que o Marco Civil da Internet já consagra o respeito à privacidade do usuário. "A lei permite o acesso a dados em casos excepcionais, e com ordem judicial", descreve.
Conforme pontua o jurista, o que pode mudar é a possível inserção da proibição dos bloqueios no Marco Civil, buscando medidas alternativas que favoreçam as investigações, sem prejudicar os usuários.
"O grande desafio será lidar com as conversas encriptadas, tecnologia que o aplicativo informa que traz segurança, mas que não seria passível de desbloqueio. Esse será o principal desafio tecnológico a ser vencido no caso", pondera.
Sede brasileira
O imbróglio ao redor das suspensões do aplicativo no Brasil se deu quando a empresa responsável alegou que o WhatsApp não guarda registros, por serem criptografados.
A conselheira da OAB destaca a necessidade de empresas estrangeiras que trabalhem com troca de informações terem sede no Brasil, para armazenar informações. "Com a sede, a empresa poderia guardar esses dados, para, quando necessário, fornecer à Justiça, evitando assim que o aplicativo seja suspenso e, consequentemente, usuários sofram prejuízos", finaliza.
Projeto de lei
O Ministério da Justiça está elaborando projeto de lei para regulamentar o acesso a informações de aplicativos como o WhatsApp. O titular da pasta, ministro Alexandre de Moraes, diz que o objetivo é acessar dados para investigações policiais, evitando o bloqueio da plataforma e o prejuízo aos usuários.

Direção do app vive expectativa de solução legal para bloqueios

A direção do aplicativo WhatsApp, controlado pelo Facebook, vive a expectativa de uma solução legal para os frequentes bloqueios judiciais de operação que vêm ocorrendo no Brasil – quatro desde o final do ano passado.
Após o bloqueio determinado pela Justiça do Rio de Janeiro na última terça-feira, o WhatsApp emitiu um comunicado e afirmou que espera que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que reverteu a medida, seja um "ponto final" no bloqueio de apps.
"Esperamos que a decisão coloque um ponto final nos bloqueios que têm penalizado milhões de brasileiros para que eles possam continuar usando serviços como WhatsApp para manter contato com quem realmente importa para eles", informou a empresa em comunicado oficial.
O WhatsApp fez referência direta à decisão do STF: "O presidente do STF enfatiza como as pessoas em todo o país, incluindo membros do Judiciário, contam com o WhatsApp para se comunicar todos os dias, e como todos são afetados quando o serviço é bloqueado".
Presidente
Jan Koum, fundador e presidente do aplicativo WhatsApp, escreveu no Facebook que o bloqueio determinado pela Justiça brasileira era “chocante”.
Segundo o executivo, o “choque” era decorrente do fato de que “menos de dois meses após os brasileiros rejeitarem um bloqueio a história está se repetindo.
Da Redação e agências