Dia de estreia é sem
pre um dia de apreensão e pressão. Imagine então quando os olhos do país e do mundo estão voltados para você. É isso que vai acontecer quarta-feira, 3, com a seleção feminina de futebol, que, sem nenhum outro esporte para 'brigar' por atenção, será protagonista absoluta no primeiro dia de competições da Rio-2016, antes mesmo da Cerimônia de Abertura da Olimpíada, na sexta, 5. A partir das 16h e com as baianas Formiga (meia), Rafaelle (zagueira) e Fabiana (lateral) como prováveis titulares, o Brasil encara a China, no estádio do Engenhão, no Rio de Janeiro.
A pressão só não é maior porque a partida da seleção não é a primeira da Olimpíada. Antes, às 13h, pelo Grupo F (o mesmo do Brasil), Suécia e África do Sul inauguram oficialmente os Jogos. Às 15h, pela chave E, enfrentam-se Canadá e Austrália.
Dono da casa, o Brasil quer transformar essa tensão em motivação para a equipe. Para o técnico da equipe, Oswaldo Alvarez, o Vadão, o protagonismo desta quarta é uma grande oportunidade para as mulheres e o esporte no país. "Sabemos a grande responsabilidade que temos, porque ninguém estará competindo nesse dia. Ao mesmo tempo, vai ser um momento de muita divulgação do futebol feminino", disse Vadão, que garante que seu time se preparou psicologicamente."Fizemos um trabalho para controlar a expectativa em relação ao torcedor. Temos que usar isso a nosso favor e não deixar atrapalhar. A Marta, a Cristiane e a Formiga, com toda a experiência Olímpica e de seleção brasileira, vão dar equilíbrio às jogadoras jovens", explica o treinador.
E para vencer esse primeiro desafio, Vadão conta com o apoio fundamental extracampo de duas das três baianas do time. Rafaelle (Changchun Club) e Fabiana (Dalian Quanjian) jogam no futebol chinês e, com ajuda de Debinha e Raquel, que também atuam no país asiático, ajudaram a comissão técnica com informações sobre as adversárias. "São muitas coisas que elas trazem, individuais e coletivas. Sabemos hoje que a China está mais agressiva, marcando com mais pressão, enquanto antes esperavam mais para o contra-ataque", afirma Vadão.
"Para ganhar da China, eu acho que a gente precisa pressionar a saída de bola delas e forçá-las ao erro. Com espaço, elas tocam muito bem a bola, dando um ou dois toques. Outro ponto importante é usar a velocidade e individualidade das nossas atacantes para quebrar o forte sistema defensivo chinês", avalia Rafaelle. "A bola parada é um ponto fundamental porque elas não são muito boas nisso. Também teremos que ter paciência, que é algo que a comissão técnica tem cobrado de nós em todos os treinamentos", complementa Fabiana.
Mistério na escalação
Vadão não adiantou a escalação do Brasil. E, como o time não fez um coletivo sequer com os portões abertos para a imprensa, a equipe titular segue como um mistério. A tendência, contudo, é que ele não repita o time que bateu a forte Austrália por 3 a 1, em amistoso no último dia 23. Naquela partida, a seleção atuou com Bárbara; Poliana, Mônica, Érika e Tamires; Andressinha, Andressa Alves e Marta; Debinha, Cristiane e Beatriz. Foram poupadas por cansaço as até então titulares Formiga, Fabiana, Rafaelle e a meia Thaísa.
O segundo jogo do Brasil, contra a Suécia, acontece no sábado, às 22h, também no Engenhão. A equipe encerra a fase de grupos contra a África do Sul, dia 9, na Arena da Amazônia, em Manaus, às 21h. O torneio olímpico tem 12 seleções divididas em três chaves. Avançam às quartas de final as duas melhores de cada grupo e as duas melhores terceiras colocadas.