Três policiais civis foram afastados das funções após um jovem com transtornos mentais ter sido morto em uma operação numa casa em Presidente Dutra (MA), a cerca de 350 km de São Luís. Suas identidades foram mantidas em sigilo.
A polícia fala que os agentes reagiram a um ataque a faca. Familiares contestam a versão. A arma não foi apresentada.
Na última sexta-feira (18), a polícia recebeu denúncias de que Hamilton César Lima Bandeira, 23, estaria fazendo postagens nas redes sociais a favor de Lázaro Barbosa Sousa, assassino procurado há 13 dias após matar uma família no Distrito Federal.
No mesmo dia, segundo a polícia, três agentes da delegacia de Presidente Dutra foram até a casa de Lima Bandeira, que era suspeito de apologia ao crime.
No local, estavam ele e o avô, de 99 anos. Os policiais entraram na residência e efetuaram dois disparos contra o jovem, que foi socorrido, mas morreu no Hospital Socorrão, em Presidente Dutra.
De acordo com o delegado César Ferro, o jovem teria reagido e ameaçado os policiais com uma faca. Ainda segundo ele, os disparos foram no abdômen e na perna direita, feitos por agentes diferentes.
“A gente recebeu vários relatos de que um rapaz residente no Povoado Calumbi teria feito várias postagens ameaçadoras, enaltecendo o criminoso Lázaro. Quando os policiais chegaram, foram atacados e tiveram que reagir. Não queríamos isso. A polícia não vai a um lugar para matar um jovem. Isso não existe. Eles queriam levá-lo para a delegacia e que sobrevivesse”, afirmou o delegado.
A versão policial é contestada pelos familiares do jovem. Plácido Ribeiro, seu avô, foi testemunha da ação e não fala sobre o rapaz ter reagido.
“Eles perguntaram quem estava na casa, e eu disse que era eu e o Hamilton. Foi quando eles [policiais] entraram. O Hamilton levantou da cama, segurou na cortina e foi olhar. Aí eles atiraram”, contou o avô ao UOL.
Moradores na região chegaram a queimar pneus na cidade, em protesto.
Família: Rapaz tinha histórico de distúrbios mentais
Hamilton era estudante no ensino médio e tinha transtornos mentais desde criança, segundo a família. Na postagem feita em uma rede social, ele dá “boa sorte” a Lázaro e se diz fã do criminoso.
Para a mãe do jovem, Ana Maria, o jovem não fez a postagem com intenção de realizar algum crime, mas por conta de sua deficiência mental.
“Ele ficava falando essas coisas, mas não era agressivo. Ele tomava remédio controlado e antidepressivos e sofria com transtorno de ansiedade. Tinha 23 anos, mas era como se fosse um menino de 12. Não tinha maldade. Gostava de brincar jogando bola com as crianças menores”, conta a mãe.
Fonte: UOL